Podia passar horas a escrever sobre ti, mas não há nada como escrever para ti. Escrevo-te todos os dias... por vezes em voz baixa, calma e serena, outras vezes nem tanto. Há dias que tento escrever-te esta carta, nada do que possa escrever-te será alguma vez suficiente, nunca estará à altura do que és e mereces. Não te conheço desde sempre, não crescemos juntos nem fizemos castelos na areia em crianças. Não passámos a adolescência juntos nem partilhámos as primeiras borbulhas no rosto. Não acompanhaste os meus sonhos e eu não estive lá para te acordar dos pesadelos. Desculpa não ter chegado mais cedo. Aliás, eu cheguei, mas não reparámos logo um no outro. Lembro-me de passar por ti nos corredores, eras apenas uma das muitas pessoas por quem passava. Não me sorrias, nem eu a ti. Lembras-te do primeiro dia em que te vi? O primeiro dia em que realmente te vi. Terá coincidido com o dia em que me viste, pela primeira vez? Vês-me hoje como ninguém. Tenho saudades tuas, sabes? Poderia neste momento pegar num papel e numa caneta e transcrever tudo isto para te enviar. Hei-de fazê-lo, um dia. Pegar em papel de carta e na minha melhor caneta e escrever-te, escrever-te tudo aquilo que houver para escrever. Hei-de partilhar memórias contigo, enviá-las num envelope selado. Pedir-te a tua morada, sabendo onde moras. Só para te poder escrever uma carta, fechar o envelope, colocar-lhe o selo e deixá-la no marco do correio. Alguém, que não eu, colocá-la-à na tua caixa de correio. Sei que vais gostar de me ler, mesmo não sendo um fã da leitura. Gozas comigo quando te falo de livros, pedes-me que te conte e comparas as histórias a novelas mexicanas. E eu rio-me. Fazes-me rir e gabas-te disso. Gostas de dizer que não resisto. Eu gosto do teu sentido de humor, de todas as gargalhadas que damos juntos. Gosto, acima de tudo, que sejas o meu porto seguro. Saber que não vais a lugar algum, mesmo quando partes é ter-te sempre comigo, mesmo quando estás longe. É mesmo assim que devemos sentir-nos, certo? E se não for, azar. Eu sinto, e gosto disso. Quanto ao que somos agora, não preciso de te escrever sobre isso, pois não? Mas... sabes que mais? Gosto de ti. Gosto mesmo muito de ti, e isso é o que realmente importa.
Beijinhos da tua, hoje e sempre, melhor amiga.
P.S.: Já te disse que gosto bastante de ti?