quinta-feira, 17 de junho de 2010

e a mim, quem me leva os meus fantasmas?

A tua janela permanece aberta, minimizada... mas, ainda assim, aberta. Como sempre faço quando ligo o computador e por conseguinte inicio a sessão. Há horas que a tenho aberta pois estás ausente, eu sei que é mentira, que estás aí e, muito provavelmente, tens também a minha janela aberta. Ambos esperamos ansiosamente pelo momento em que o outro dará o primeiro passo, ambos esperamos que se ligue o laranja intermitente que mostra a chegada de uma nova mensagem. Ambos olhamos para o telemóvel de x em x de tempo mesmo sabendo que não tocou, não vá ter isso acontecido durante uma pequena distracção. Não vá ele ter tocado e não nos tenhamos apercebido. E então esperamos, porque a nossa relação é feita de esperas. Todas o são, discutimos um dia o assunto... tu sereno, como sempre, e eu a argumentar. Nem todos têm o discernimento de admitir que assim o é, foi a conclusão a que chegámos. Adoras ver-me argumentar, lançando eu mesma os prós e os contras, enquanto me olhas com um sorriso nos lábios. Adoras, não adoras? Não tanto quanto eu adoro passar-te as mãos pelo cabelo enquanto descansas com a cabeça pousada no meu colo. Sentir o teu cheiro e sentir-me em casa. Contigo sinto-me sempre em casa, esteja onde estiver. Mas agora não estás aqui e eu sinto-me desprotegida. Não consigo perceber como uma simples conversa nos afastou desta maneira, tão brusca... tão radical. Podia ter acontecido com qualquer outra pessoa, não contigo. Não desta maneira. Não tinhas o direito de levar toda a confiança que depositava em ti, não tinhas o direito de me oferecer o sorriso para depois mo roubar, tão violentamente. Nem de maneira nenhuma. Era meu, percebes? E agora, melhor que nunca, percebo que era teu, afinal. És igual a todos os outros, e eu que te tinha no topo de tudo o resto. Não merecias, sempre defendi todas as tuas qualidades que parecia ser a única a ver. Não terás mais ninguém que as veja tal como eu, mete isso na tua cabeça. Não és igual aos outros, eu sei que não. Tira essa máscara de defesa e volta... não é de mim que tens de te defender.




É deles...
...dos teus fantasmas!

6 comentários:

Liliana B. disse...

sentimentos ficticios ou não, adorei o texto. Até me deu arrepios :o

. disse...

há uma expressão que eu costumo usar. quando viramos costas ao passado, ele fica ressentido, vem por trás de nós e dá-nos um chuto no rabo.

ok, não é lá muito romântico, mas é verdade :)

a questão é que os fantasmas estão lá e hão-de continuar lá até que tratemos de fazer as pazes com o passado. quanto aos defeitos, toda a gente que amamos há-de desiludir-nos, porque começamos a idealizá-los como perfeitos.

não sei para que foi um comentário tão grande, na verdade gostei só imenso do texto. e é isso x)

ah, e quanto aos sentimentos, são sempre fictícios e são sempre reais, eles não são concretos nem concretizáveis, e por isso é que são tão esquivos

:) beijinhos

ana cristina disse...

ficticios à parte, este texto está lindo, escreves lindamente.

Anónimo disse...

não são fictícios nada, porque nesse texto descreveste os meus com uma quase perfeição (ainda que eu nem o admita bem).

Ana" disse...

Tens toda a razão quando descreves a "aventura" que é para alguém dizer a primeira palavra numa conversação ou mandar a primeira mensagem :)

victoria ayuso disse...

adorei o texto. está lindo. descreve perfeitamente as fases, os medos e receios, os avanços, os recuos (enfim, tudo) pelos quais, quase inconscientemente, passamos, justamente e apenas para amar. adoro. beijinho de mais uma prisioneira do amor *