Já tiveste a oportunidade de experimentar? Senta-te comigo e experimenta. Sente como o coração se contorce de dor, se esmaga e adormece. Sente toda a revolta que me consome, as pernas a cederem de fraqueza. O sal que escorre lentamente pela minha face e toca os meus lábios. Prova, estou à espera que proves o mesmo sentimento que eu. A respiração ofegante, o pedido de ajuda preso na garganta e os olhos inchados. Horas passadas e cá me encontro, no sítio onde me perdi em pensamentos. Onde tu não me procuraste e me deixaste a morrer por dentro. Se queres mesmo saber, não entres. Não te quero aqui, este é o meu mundo e tu, que fizeste com que me caísse em cima, ficas à porta. Não te quero cá, percebeste? Mandava-te sair, gritava até à exaustão... mas nem sequer tentaste, nem à porta bateste. Não ouvi passos do lado de fora. Quando trespassei a porta não senti réstia de culpa vinda do outro lado. Eu só queria que sentisses o que eu sinto, que ouvisses as vozes que ecoam na minha cabeça. Que sentisses o mundo cair-te em cima e tudo o que construíste para aqui chegar cair aos teus pés. Eu só queria que sentisses este desmoronar de sentimentos, esta angústia que me consome a passos largos e a dor que me devora. Bato com a porta e abandono tudo que fomos, tudo que contigo partilhei. Diz-me, era mesmo isto que querias? Sentiste cada palavra que disseste? Sentiste-as trespassar-te? Não, não sentiste. Mas eu senti, como que balas a atravessarem-me o corpo matando-me lentamente. Senti tudo, tão intensamente quanto possas imaginar. Mais que isso. Vá, sente tudo o que eu sinto. Tudo, sem excepção. SENTE!
Sentiste?
E agora... dói, não dói?
A mim (muito) mais que a ti.