sábado, 31 de julho de 2010

Tu não, mas eu sinto muito.

Já tiveste a oportunidade de experimentar? Senta-te comigo e experimenta. Sente como o coração se contorce de dor, se esmaga e adormece. Sente toda a revolta que me consome, as pernas a cederem de fraqueza. O sal que escorre lentamente pela minha face e toca os meus lábios. Prova, estou à espera que proves o mesmo sentimento que eu. A respiração ofegante, o pedido de ajuda preso na garganta e os olhos inchados. Horas passadas e cá me encontro, no sítio onde me perdi em pensamentos. Onde tu não me procuraste e me deixaste a morrer por dentro. Se queres mesmo saber, não entres. Não te quero aqui, este é o meu mundo e tu, que fizeste com que me caísse em cima, ficas à porta. Não te quero cá, percebeste? Mandava-te sair, gritava até à exaustão... mas nem sequer tentaste, nem à porta bateste. Não ouvi passos do lado de fora. Quando trespassei a porta não senti réstia de culpa vinda do outro lado. Eu só queria que sentisses o que eu sinto, que ouvisses as vozes que ecoam na minha cabeça. Que sentisses o mundo cair-te em cima e tudo o que construíste para aqui chegar cair aos teus pés. Eu só queria que sentisses este desmoronar de sentimentos, esta angústia que me consome a passos largos e a dor que me devora. Bato com a porta e abandono tudo que fomos, tudo que contigo partilhei. Diz-me, era mesmo isto que querias? Sentiste cada palavra que disseste? Sentiste-as trespassar-te? Não, não sentiste. Mas eu senti, como que balas a atravessarem-me o corpo matando-me lentamente. Senti tudo, tão intensamente quanto possas imaginar. Mais que isso. Vá, sente tudo o que eu sinto. Tudo, sem excepção. SENTE! 

Sentiste? 
E agora... dói, não dói? 

A mim (muito) mais que a ti.

terça-feira, 27 de julho de 2010

#1 LETTER - BEST FRIEND

Querido P.



Podia passar horas a escrever sobre ti, mas não há nada como escrever para ti. Escrevo-te todos os dias... por vezes em voz baixa, calma e serena, outras vezes nem tanto. Há dias que tento escrever-te esta carta, nada do que possa escrever-te será alguma vez suficiente, nunca estará à altura do que és e mereces. Não te conheço desde sempre, não crescemos juntos nem fizemos castelos na areia em crianças. Não passámos a adolescência juntos nem partilhámos as primeiras borbulhas no rosto. Não acompanhaste os meus sonhos e eu não estive lá para te acordar dos pesadelos. Desculpa não ter chegado mais cedo. Aliás, eu cheguei, mas não reparámos logo um no outro. Lembro-me de passar por ti nos corredores, eras apenas uma das muitas pessoas por quem passava. Não me sorrias, nem eu a ti. Lembras-te do primeiro dia em que te vi? O primeiro dia em que realmente te vi. Terá coincidido com o dia em que me viste, pela primeira vez? Vês-me hoje como ninguém. Tenho saudades tuas, sabes? Poderia neste momento pegar num papel e numa caneta e transcrever tudo isto para te enviar. Hei-de fazê-lo, um dia. Pegar em papel de carta e na minha melhor caneta e escrever-te, escrever-te tudo aquilo que houver para escrever. Hei-de partilhar memórias contigo, enviá-las num envelope selado. Pedir-te a tua morada, sabendo onde moras. Só para te poder escrever uma carta, fechar o envelope, colocar-lhe o selo e deixá-la no marco do correio. Alguém, que não eu, colocá-la-à na tua caixa de correio. Sei que vais gostar de me ler, mesmo não sendo um fã da leitura. Gozas comigo quando te falo de livros, pedes-me que te conte e comparas as histórias a novelas mexicanas. E eu rio-me. Fazes-me rir e gabas-te disso. Gostas de dizer que não resisto. Eu gosto do teu sentido de humor, de todas as gargalhadas que damos juntos. Gosto, acima de tudo, que sejas o meu porto seguro. Saber que não vais a lugar algum, mesmo quando partes é ter-te sempre comigo, mesmo quando estás longe. É mesmo assim que devemos sentir-nos, certo? E se não for, azar. Eu sinto, e gosto disso. Quanto ao que somos agora, não preciso de te escrever sobre isso, pois não? Mas... sabes que mais? Gosto de ti. Gosto mesmo muito de ti, e isso é o que realmente importa. 


Beijinhos da tua, hoje e sempre, melhor amiga.
P.S.: Já te disse que gosto bastante de ti?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

It's a dream catcher. Catches bad dreams.



Foi no dia em que partiste que tudo à minha volta mudou. O colorido do mundo desvaneceu-se diante dos meus olhos para tudo se tornar num enorme borrão de tinta preta. Podia ter sido qualquer outra pessoa, mas não, para meu enorme desalento, foste tu. E, porque não me avisaste? Eu sei que tu sabias, tu sempre soubeste. Não dizias que tudo que havia para partilhar, por nós era partilhado? Porque raio entendeste tu que não deverias partilhar algo tão importante comigo? Que merda de mania tinhas tu de me proteger de tudo! Não se pode proteger ninguém da verdade, do inevitável. E se ias partir assim, eu queria saber, eu tinha o direito de saber. E porque deixaste tanto de ti, se te levaste de mim? Não me conformo, não consigo conformar-me com tamanha injustiça. Acorda-me de um jeitinho só teu e diz-me que foi um sonho mau, que é mentira e estás aqui. 

Bom dia, meu amor.